JACOB DO BANDOLIM
1918-1969
Maior referência
brasileira no instrumento que virou parte de seu nome, Jacob alçou o
bandolim a um lugar de honra na música brasileira.
Esse trabalho vinha
sendo desenvolvido antes por outros instrumentistas, como Luperce
Miranda, mas foi Jacob quem colocou definitivamente o bandolim como
instrumento solista por excelência.
Nascido no Rio de Janeiro,
ganhou o primeiro bandolim, de modelo napolitano (ou "de cuia") na
adolescência. Apesar de se apresentar tocando em conjuntos
instrumentais desde cedo, nunca se profissionalizou totalmente,
tendo sempre outros empregos não relacionados à música. Foi
vendedor, prático de farmácia, corretor de seguros, comerciante e
escrivão de polícia, cargo que ocupou até morrer.
Por não depender
financeiramente da música, Jacob pôde tocar e compor com mais
liberdade, sem sofrer pressões de gravadoras ou editoras. Figura
rígida e disciplinada, tanto na personalidade quanto na música,
pesquisou e resgatou parte do repertório tradicional do choro,
repertório este que passou a incluir várias de suas composições,
como "Noites Cariocas", "Receita de Samba", "A Ginga do Mané", "Doce
de Coco", "Assanhado", "Treme-treme", "Vibrações" e "O Vôo da
Mosca".
Depois de montar o grupo
"Jacob e Sua Gente", integrar o Conjunto da Rádio Ipanema e o
regional de César Faria e participar de gravações históricas como a
de Ataulfo Alves para "Ai, que Saudade da Amélia" (Ataulfo/ Mário
Lago) e a de Nelson Gonçalves para "Marina" (Dorival Caymmi), gravou
em 1947 o primeiro disco solo, seguido por outros dois nos anos
seguintes, pela Continental.
Na década de 50
transferiu-se para a Victor, onde gravou seus LPs. Montou o conjunto
"Época de Ouro" em 1966, com grandes nomes do choro, como Dino 7
Cordas, César Faria, Jonas, Carlinhos, Gilberto e Jorginho.
Alcançando expressiva popularidade, Jacob e o "Época de Ouro"
ajudaram a divulgar o choro tradicional, por meio de shows e LPs,
como o consagrado "Vibrações" (1967). O conjunto permanece em
atividade até hoje.
Uma das últimas
apresentações de Jacob, um show com Elizeth Cardoso e o Zimbo Trio
em 1968, foi gravado e lançado em LP duplo, mas não foi relançado em
CD no Brasil. Outras antologias foram produzidas, da mesma forma,
exclusivamente para o mercado externo, onde a arte de Jacob é muito
apreciada.
Seu filho, o compositor
Sérgio Bittencourt, homenageou-o no samba "Naquela Mesa" ("tá
faltando ele/ e a saudade dele/ tá doendo em mim"), sucesso de
Elizeth Cardoso, cantora que ele descobriu.
Em 1997 a professora
Ermelinda Paz lançou o livro "Jacob do Bandolim", pela editora
Funarte.
SERGIO BITTENCOURT
1941 -
1979
1
O filho de Jacob do Bandolim, Sergio Freitas
Bittencourt, exerceu a profissão de jornalista, mas compôs vários
sucessos da música popular brasileira ( e teria escrito muitas mais,
não tivesse morrido tão precocemente), tais como a maravilhosa
"Modinha", vencedora do Festival "O Brasil canta o Rio", de 1968,
intepretada e gravada por Taiguara. No Segundo Festival de Música
Popular brasileira da TV Record, em setembro e outubro de 1966,
Sergio Bittencourt alcançou o quarto lugar com "Canção de não
Cantar" na interpretação do conjunto MPB4.
Seu sucesso mais notável, contudo, foi "Naquela Mesa"
um tributo a seu pai, Jacob do Bandolim, gravada por Eliseth Cardoso
no seu LP "Preciso Aprender a ser Só".
Consta que a música "Naquela mesa", feita em homenagem
ao seu pai, foi composta sendo escrita em um guardanapo, no dia
do falecimento de Jacob.
Família Bittencourt
Sérgio, Adylia, Jacob e Helena
Naquela Mesa
1969
Naquela mesa ele sentava sempre E me dizia
sempre o que é viver melhor Naquela mesa ele contava
histórias Que hoje na memória eu guardo e sei de cor Naquela
mesa ele juntava gente E contava contente o que fez de manhã E
nos seus olhos era tanto brilho Que mais que seu filho eu fiquei
seu fã Eu não sabia que doía tanto Uma mesa num canto, uma
casa e um jardim Se eu soubesse o quanto dói a vida Essa dor
tão doída não doía assim Agora resta uma mesa na sala E hoje
ninguém mais fala no seu bandolim Naquela mesa tá faltando
ele E a saudade dele tá doendo em mim Naquela mesa tá faltando
ele E a saudade dele tá doendo em mim
Naquela mesa ele sentava sempre E me dizia
sempre o que é viver melhor Naquela mesa ele contava
histórias Que hoje na memória eu guardo e sei de cor Naquela
mesa ele juntava gente E contava contente o que fez de manhã E
nos seus olhos era tanto brilho Que mais que seu filho eu fiquei
seu fã Eu não sabia que doía tanto Uma mesa num canto, uma
casa e um jardim Se eu soubesse o quanto dói a vida Essa dor
tão doída não doía assim Agora resta uma mesa na sala E hoje
ninguém mais fala no seu bandolim Naquela mesa tá faltando
ele E a saudade dele tá doendo em mim Naquela mesa tá faltando
ele E a saudade dele tá doendo em mim
Naquela mesa tá faltando ele E a saudade dele
tá doendo em mim Naquela mesa tá faltando ele
E a saudade
dele ...
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